A contabilidade registra fatos. É então preciso os acontecimentos se desenrolarem para posteriormente haver a consideração de um ato em fato. Até que istovenha a ocorrer, existe a demanda de um tempo geralmente mensurado em dias. Quantos dias se leva, é o ponto de partida para a contabilização ser efetuada. Mas, há uma outra parcela de tempo a considerar: o tempo interno da empresa, aquele que pode ser chamado de tempo dos departamentos da organização. O quanto o departamento “X” e o funcionário “Y” demorarão para disponibilizar o ato em fato materializado para a Contabilidade. Quando eles assim o fizerem, a Contabilidade estará pronta para registrá-lo. Será? Não.
Em que momento de um mês, da semana, de um fechamento, o fato ocorrido vai chegar ao nosso departamento, o grande interessado? Caímos aqui também na questão do tempo. A Contabilidade não é, como os outros departamentos também não são, “padaria”. Esobre isto, nenhum departamento num lugar que possa ser chamado de organização, funciona como tal.
Numa administração, o fluxo de trabalho tem que funcionar segundo uma ordem, uma rotina. O fato acontecido entra então numa rotina de trabalho previamente pensada e implantada, no que se compara ao trabalho de um Técnico de futebol, onde é necessário haver uma ordem das coisas para que tudo flua bem. Sem contar que seres humanos não são máquinas, e que estão sujeitos a influência de muitos fatores que poderão atrapalhar a questão do seu próprio tempo pessoal. Mas, uma vez inserido o fato na rotina, o profissional contabilizará no tempo e semana devidos, o fato aqui ilustrado.
Neste fluxo e estado de coisas, notamos: somos dependentes do tempo, dos atos, dos fatos, dos departamentos e das pessoas que neles trabalham. Diferentemente, na área jurídica, por exemplo, há uma dependência (e grande) da tramitação dos processos no Fórum, nos órgãos, entre outros, mas não há a mesma dependência nos atos, e simplesmente porque os advogados são executores dos atos__são precisamente atuantes__, trabalhando assim na linha de frente dos futuros fatos, o que evidência estar em ação. Também ocorre nesta área a dependência pessoal e departamental, mas em grau menor do que concerne à Contabilidade.
O caso clássico do departamento Financeiro__faz-se necessário até contar com a dependência que o mesmo tem do fechamento via sistema__, nos coloca a espera de suas rotinas concluídas. Uma Diretoria que autoriza pagamentos e delega negociações tanto quanto prorrogações de vencimentos a seu Encarregado, atua especialmente na linha de frente realizando os atos que serão fatos documentados em papéis logo a seguir __Financeiro que atua como meio de campo. Ficamos igualmente na vigília e aguardo de suas ações até o fim do fato consumado.
A área de Vendas, realizadora máxima da propulsora área de Marketing __sua aliada maior__, é um sinônimo de alavancagem para os negócios da empresa, e a par e passo com a parceira, juntas, têm que atuar para abrir portas (novos clientes) com atitude de dupla de área, onde para mim, não se distingue muito bem quem é o centroavante. É assim que as coisas são na área Comercial. Em relação às duas, a dependência departamental é tão pequena, que costumam ser, uma ou outra, “a menina dos olhos” de, pelo menos, um Diretor.
Atua assim a Contabilidade na linha de fundo, onde há um goleiro que não pode deixar nada passar. Mas, numa teoria moderna de jogo, tais defensores não podem viver só plantados na retranca, sendo obrigados a avançar, a se mobilizar, buscando a informação. Na medida em que avançam, vão tomando ciência dos atos que estão ocorrendo e, verificando, em parte, os fatos que vão se concretizando. Desta forma, podem adiantar passos de suas ações__diga-se, ações passivas__, e colaborar com orientações e sugestões quando não perguntados, pois, todo setor legal da empresa, geralmente ligado à área por afinidade, é base e diretiva para qualquer ação de qualquer departamento aqui citado, incluindo o próprio Jurídico.
Percebe-se que nisto está, por menor que seja, a dependência de todos os departamentos à área contábil, o fim de uma linha de jogo. Dos resultados apurados, balanços fechados, análises concluídas, irá se obter um mapa de toda a situação administrativa, financeira e econômica da empresa. Nesta hora, a gestão contábil poderá verificar, apontar, sugerir e aconselhar tecnicamente o administrador, sobre as melhores decisões a serem tomadas, participando mais efetivamente dos negócios. Cabe então, dentro desta dependência geral que nós temos, o importante papel de finalizadores: aqueles que vão marcar os gols.
Fonte: Portal Contábeis